Gigantes debaixo da terra: a importância dos aquíferos para o futuro

Há quem diga que a principal demanda da sociedade é por alimento. Mas, se pararmos para pensar que sem água não tem como produzir nenhum alimento, fica fácil compreender qual é – de fato – a maior necessidade e a maior riqueza da humanidade.

Visto de cima, o globo terrestre parece ser abundante em água. E é: 70% de sua superfície é composta por água. No entanto, trata-se de uma falsa abundância, pois 97% dela está nos mares e oceanos, imprópria para consumo devido ao sal. A técnica de dessalinização desta água é um processo caro e pouco eficiente, portanto fora de cogitação.

Dos 3% que são água doce, mais de 70% está em forma de gelo nas calotas polares e o que resta de água potável no mundo está distribuída em águas subterrâneas (18%), rios e lagos (7%) e umidade do ar (5%).

Sabemos que tantas porcentagens confundem um pouco, mas temos certeza que deu para entender que o que resta de água potável no mundo é pouco e preocupante. Mesmo para o Brasil, considerado privilegiado por concentrar 11% de toda água potável disponível no mundo.

 

Águas Guariroba — Foto: DivulgaçãoÁguas Guariroba — Foto: Divulgação

Águas Guariroba — Foto: Divulgação

 

A riqueza dos aquíferos

Aquíferos são formações geológicas subterrâneas de rochas porosas e permeáveis capazes de reter água das chuvas. É por meio dos aquíferos que os cursos de águas superficiais (rios, lagos, nascentes, entre outros) são mantidos estáveis e o excesso de água da chuva é absorvido.

Eles são verdadeiros reservatórios subterrâneos de água que podem ser classificados de diferentes formas, dependendo do armazenamento da água e do tipo de rocha armazenadora.

São seis os principais aquíferos do mundo que garantem o abastecimento da população, a produção de alimentos, manutenção de atividades econômicas e outras atividades (veja box). No Brasil, os principais aquíferos são: Guarani, Alter do Chão – os dois maiores do mundo –, Cabeças, Urucuia-Areado e Furnas.

Discussões a respeito dos aquíferos como solução para os problemas de escassez da água vêm se intensificando. Isso porque, na maioria das vezes, a água proveniente de aquífero é potável.

“A água subterrânea é uma fonte alternativa de abastecimento, desde que usada de modo racional. Uma captação de água que atenda as diretrizes básicas, como o respeito ao tempo máximo de operação e de recarga do aquífero, ações de preservação da mata ciliar, tudo isso associado ao consumo racional e consciente garante que esse recurso esteja disponível por muito tempo”, explica Bruna Sampaio, Geóloga da empresa Águas Guariroba, concessionário pelo abastecimento de água em Campo Grande (MS).

 

O Sistema Aquífero Guarani

Com extensão de 1,2 milhão de km², o Sistema Aquífero Guarani (SAG) espalha-se por quatro países da América do Sul: Paraguai, Uruguai, Argentina e Brasil. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), aproximadamente 70% do reservatório de água está está localizado em território brasileiro, sob os estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Estima-se que 15 milhões de pessoas habitem a área de ocorrência do Aquífero.

Com estrutura geológica que data do período Triássico, ou seja, 220 milhões de anos atrás, a formação de rochas sedimentares, com muita areia e pouca argila, facilita a absorção da água das chuvas que, após absorvidas, ficam confinadas em rochas impermeáveis a centenas de metros de profundidade.

Sua capacidade é de armazenar até 160 trilhões de litros de água, dos quais 40 trilhões de litros podem ser extraídos com segurança.

Do Aquífero para a sua casa

A Águas Guariroba possui tecnologia e autorização do Imasul (Instituto de Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul) para extrair água do Aquífero Guarani e complementar o abastecimento de Campo Grande.

De acordo com Fernando Garayo, Engenheiro Ambiental e Gerente de Meio Ambiente e Qualidade da Águas Guariroba, 14% da água distribuída para a cidade é captada do Aquífero.

 

“Em termos de captação subterrânea, é muito importante respeitar alguns parâmetros para não haver uma superexploração. O Imasul emite para cada poço uma outorga de direito de uso de recursos hídricos e essa outorga tem algumas condicionantes, como vazão máxima, tempo de operação, entre outros. Atualmente, a capacidade outorgada pelo IMASUL para todos os empreendimentos é de 12% do volume total do aquífero”, explica.

A qualidade da água

A geóloga Bruna Sampaio explica que o Aquífero Guarani, no contexto geológico de Mato Grosso do Sul, fica por baixo de outras duas formações, o que garantiu a preservação de suas águas.

“Caioá e Serra Geral (basaltos) formaram-se por cima do Guarani e esse é um dos fatores que mantém a qualidade de sua água. Para alcançar as águas do Guarani, é preciso uma estrutura muito complexa e altos investimentos, são quase 270 metros de perfuração para chegar até ele. Além disso, nossos poços são cimentados, não entra nenhuma água com menos de 40 metros de profundidade. Essa água residuária, que fica em cima, que poderia ter algum tipo de contaminação, não entra na nossa rede. Fora todo o controle de qualidade que fazemos por meio das análises em laboratório. É um trabalho diário e contínuo que avalia a qualidade da água dentro dos parâmetros da Portaria nº 05 do Ministério da Saúde desde a captação até vários pontos de amostragens na cidade próximos às residências”, detalha Bruna.

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